O que eu queria,
o que eu sempre queria
Era fim de tarde de domingo, 9 de abril de 2000. Os Titãs se apresentavam, gratuitamente, tendo como cenário o pôr-do-sol do belo horizonte. O show acaba, a banda posiciona-se à frente do palco, como de costume, para agradecer ao público. Fernanda encara Charles Gavin fazendo-o notar sua presença e diz pausadamente e fazendo mímica: “Eu quero a sua toalha”. Charles dá alguns passos para frente e se abaixa para entregá-la o que ela queria. Assim que teve o presente do ídolo nas mãos, Fernanda foi surpreendida por uma louca, vinda de não se sabe onde, tentando tomar a toalha dela. Liliane, amiga de Fernanda, olha para o lado e não acredita no que vê. Sua amiga, normalmente tão pacífica, rolando no chão em meio a uma briga. Entre uma unhada e outra, foi óculos para um lado, máquinas fotográficas para outro. Uma cena patética. Lili, não mais que depressa, tira Fernanda da confusão e a faz olhar para o palco, onde ela vê Charles Gavin fazendo um sinal para cessar a briga. Descabelada, Fernanda acompanha o baterista com os olhos. Ele vai até o fundo do palco, busca outra toalha e a entrega para ela.
Em julho, daquele mesmo ano, durante uma outra apresentação da banda em sua cidade, Fernanda pede mais uma vez a toalha de Charles. Dessa vez é fácil, nenhuma maníaca aparece no seu caminho. Naquela noite, Fernanda decidiu que, sempre que possível, iria levar essa lembrança para casa.
Dessa vez a cidade é Divinópolis e o dia é 18 de agosto de 2002. Fernanda e Liliane estavam lá, acompanhadas da amiga paulista Zélia, para assistir a mais um show dos Titãs. As meninas se hospedaram no único hotel da cidade, que, não por um acaso, era o mesmo em que a banda ficaria. No meio da tarde, Ferdi e Lili resolveram sair para conhecer as redondezas do hotel. No saguão, encontraram-se com os Titãs que acabavam de chegar à cidade. Fernanda ficou surpresa com o fato de Charles se lembrar dela, do último encontro, que acontecera três meses antes. Ele perguntou o que as meninas estavam fazendo ali e elas responderam que foram para ver o show, como se essa não fosse a resposta mais previsível.
Hora do show. O trio já estava devidamente posicionado no gargarejo. Fernanda se espremia entre a amiga Zélia e um cara enorme, para cima e para os lados. Nem a posição pouco confortável a impediu de se esbaldar em mais uma apresentação da sua banda de coração. E quando o show acabou lá foi Fernanda com o já tradicional: “Eu quero a sua toalha”. Charles, por sua vez, entrega a tolha que estava em suas mãos para uma outra garota. Indignada, Fernanda observou ele ir até a bateria e pegar outra. Crente que dessa vez era pra ela, Fernanda se decepcionou ao vê-lo dar a toalha para o gigante que a esmagara o show inteiro.
As meninas voltaram para o hotel. No percurso, Zélia e Lili tiveram que agüentar as lamentações da amiga. “Que ódio, o que aquele gordo tem que eu não tenho? O Charles sabe que eu vim de BH só para ver o show, o que custava... Ainda bem que meu titã preferido é o Branco mesmo”, protestava Fernanda.
Ao chegarem, as três dão de cara com Charles, que estava no saguão. Zélia e Lili pararam para conversar com o baterista, enquanto Fernanda seguiu em direção ao elevador. No entanto, Charles a interrompeu e pediu para que ela ficasse por ali. Ele subiu e voltou alguns minutos depois trazendo uma de suas luvas, que ele sempre usava durante os shows. “Essas toalhas eu recebo na hora do show não são minhas. Vou te dar essa luva que me acompanhou durante muito tempo. É um souvenir mais interessante”. A fã ficou tão sem graça que nem soube agradecer direito. Guardou a luva para sempre, e nunca mais pediu toalha.
“O que eu queria, o que eu sempre queria” – Autonomia (Televisão – 1985)
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