Depois de uma curta e intensa temporada mineira, Samara estava de volta à capital paulista. Ficaria mais uma semana em São Paulo, e já tinha seu roteiro turístico muito bem traçado: Museu da Língua Portuguesa, Galeria do Rock, Liberdade, Ibirapuera. Av. Paulista, Centro Velho, show do Nenhum de Nós e, o mais aguardado por ela: show do Chico Buarque. Titanicamente falando estava programada para ir ao show da Rádio Transamérica, no qual, além de Titãs, tocariam Capital Inicial, CPM 22 e Hateen.
O único problema é que nem ela, nem Regiane e Samantha - amigas paulistanas que a acompanharia a esse show - tinham verba suficiente para financiar os 40 reais do ingresso, além dos custos adicionais, tais como táxi para transportá-las de volta pra suas casas, localizadas num ponto inverso do Citibank, o local das apresentações. Elas só sabiam que iam, mas ainda não sabiam como. Afinal, esse encontro tão aguardado durante tanto tempo, teria que ser comemorado no show da banda que proporcionou essa amizade. Foi aí que entrou na história Benito França (o Cabelo).
Benito é amigo das meninas e trabalha na técnica dos Titãs. Ele disse que tentaria arrumar cortesias para elas, bastava que elas chegassem mais cedo ao local, que ele providenciaria tudo. Sendo assim, antes das 16h, Sam e Sá já aumentava a fila no estacionamento do Citibank. Na verdade, além delas duas, só havia no local um fã do Capital Inicial e uma fã do CPM 22. Uma situação nada agradável, ainda mais se contar o enorme frio que fazia na cidade naquele dia, e que elas estavam totalmente despreparadas pra enfrentar a baixa temperatura. Tremendo de frio elas tentavam fazer contato com Benito, em vão. Um tempo depois, Rê se juntou às amigas. Nesse momento a fila já estava maior, assim como o desespero das meninas. Foi aí que Benito resolveu aparecer, mas com más notícias: ainda não tinha conseguido liberar as cortesias com Lauro.
Sem ingressos e sem casacos, só restavam às meninas esperarem para que algum milagre acontecesse, que fizesse um calor repentino ou aparece um santo pra salvar a noite. O calor não veio, mas o santo sim. Mal o Santo Fred das Causas Titânicas apareceu no estacionamento do Citibank, Sá e Sam correram em sua direção, enquanto Rê continuava garantido o lugar do trio na fila, que agora, já de noite, estava ainda mais disputado.
Elas nem precisaram explicar a situação, Fred já percebeu tudo pela a cara de desespero das duas. Foi um momento meio tenso, pois Fred também não tinha tido ainda acesso às cortesias, pois estava esperando a produtora da Transamérica chegar com elas. O que só ocorreu longos minutos depois. Com os ingressos dados por Fred em mãos, as duas agradeceram ao salvador da noite e voltaram pra fila, pra alívio da Rê, que já ameaçava desistir de tudo e voltar pra casa.
Entre uma conversa sem sentido e outra com um segurança sem noção, as meninas resolveram fazer um lanche para recarregar as energias e assim poderem enfrentar a batalha com as fãs do Capital e do CPM 22. Batalha essa que deu início quando os portões se abriram. Sá e Rê passaram tranqüilamente, mas Sam foi barrada por um segurança que achou que ela tinha menos de 14 anos (censura do show) e pediu para ela mostrar os documentos. Sam em outra ocasião poderia considerar tal gesto como elogio, afinal ela já ostenta 21 anos, mas aquilo só serviu pra que ela ficasse para trás na disputa por uma vaga na grade. Felizmente, Sá e Rê garantiram os lugares. E lá estavam as três no gargarejo a espera dos Titãs - que ainda bem seria a primeira banda a se apresentar.
Mesmo com uns gritinhos histéricos advindos das fãs das outras bandas da noite, o show foi muito bem aproveitado por aquele power trio. Cantavam, hostilizavam, pulavam, gritavam, confabulavam, tudo na última potência. O frio a essas hora já passava longe. Tanta animação assim resultou até em recompensas por parte dos ídolos, Sam e Rê chegaram a ganhar palhetas de Tony Bellotto.
Findado o show, as três acharam que seria melhor negócio tentar falar com os Titãs na saída do que ficar lá dentro na companhia de capitanetes (fãs do Capital) e afins. Não conseguiram falar com Branco e Paulo, mas trocaram algumas palavras com Britto, Tony e Charles, enquanto eles posavam para fotos com algumas dançarinas que estavam por lá. Os Titãs se foram e elas embarcaram no carro do taxista mais louco de São Paulo: Lacerda! Que proporcionou ao trio um hilariante fim de noite.
“O problema não sou eu, o inferno são os outros” – O Inferno São os Outros – (MTV Ao Vivo - 2005)
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