Wednesday, October 11, 2006

Texto 38
Não existe razão,
nem existem motivos


Manhã de sol em Guarapari. Eu acordei tarde, pois na noite passada estava no XIII Festival de Alegre, no Espírito Santo.
Como de costume, eu me levanto e olho para o relógio. São três horas da tarde. Hora de começar a me preparar para mais uma jornada de shows. Ao sair do banho, minha mãe me chama: “Betinha, corre, venha ver uma reportagem aqui na televisão”. Eu fui correndo assistir. Toda a alegria que circundava o ambiente sumiu de repente e transformou-se em uma grande angústia, me senti como se tivessem puxado um tapete debaixo de meus pés. A grande causa dessa situação foi a notícia que acabara de ouvir: Marcelo Fromer, guitarrista dos Titãs, foi vítima de um atropelamento causado por um motoqueiro em São Paulo e havia falecido. Passei alguns minutos sem reação, olhando para a televisão e custando a crer no fato. Não podia ser verdade, não com ele.
O dia 13 de junho foi um dos mais doloridos de minha vida. Como já havia combinado de ir para Alegre com amigos, não tive como cancelar a viagem.
Durante o caminho, eu não pensava em outra coisa e me perguntava “como”, “por que” entre outras, que ficaram sem resposta. O astral não era mais o mesmo, e eu refletia o quanto as pessoas são impotentes diante de certas situações.
Chegando em Alegre, tentei me divertir, mas minha cabeça estava em outro lugar. O show do Jota Quest foi o que mais marcou no dia e talvez o único ao qual prestei atenção, pois achei muito bonito o gesto de Rogério Flausino, que dedicou o show inteiro “a um grande amigo e companheiro que havia perdido”.

Roberta

“Não existe razão, nem existem motivos” – Violência (Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas – 1987)

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