Wednesday, October 04, 2006

Texto 32
Nós não vamo pagar nada,
é tudo free


As confabulações começaram em janeiro, quando Paulo Miklos se apresentou em Belo Horizonte, no Pop Rock Café. É claro que Liliane estava lá e é claro que ela conversou com o músico. Durante a conversa, Paulo deixa escapar que os Titãs se apresentariam na cidade no mês de fevereiro, mas ele não sabia dar maiores detalhes.
Por telefone, Lili anuncia a boa nova para a amiga Fernanda, que estava de férias em Guarapari-ES, acompanhada das amigas Sam e Beta. Fernanda comemora a notícia, mas no dia 21, data em que os Titãs tocaram em terras capixabas, ela fica sabendo, através do Zóio, que o show que aconteceria em BH seria fechado para os funcionários de um banco.
Com a volta de Fernanda para BH, ela e Lili puderam intensificar as confabulações sobre o show, a que elas apelidaram de O Onze, isso porque o evento seria no dia 11 de fevereiro de 2005. Ao criarem o apelido elas faziam uma referência à “o onze de setembro”, “o onze de março”, embora elas não estivessem com nenhuma intenção terrorista. Mas não havia tanto o que confabular, pois elas sempre chegavam à mesma conclusão: “o jeito é ligar para o Fred”.
Ao chegar O Onze, Lili ligou para o produtor, como sempre, já que Fernanda apresenta uma certa aversão a telefones em momentos de tensão. Não foi nada dramático. Fred, como sempre muito solícito, orientou as garotas para que elas procurassem pela Eunice na entrada do Marista Hall (local do show, hoje chamado Chevrolet Hall). Nem precisaram procurar. Ao chegarem na casa, a conterrânea das meninas já estava do lado de fora, acompanhada de sua irmã e de Zóio, que logo tratou de colocar a dupla para dentro.
Ao adentrarem o Marista, Lili e Ferdi foram surpreendidas por uma estrutura bem diferente da que rola em shows convencionais. Aquilo parecia uma festa, com mesas de frios e canapés e garçons servindo bebidas. É óbvio que as duas se divertiram à beça, comendo, bebendo e rindo das dançarinas que sempre entravam no palco com alguma coreografia tosca. Assistiram ainda ao Zeca Camargo, à Cissa Guimarães e ao Taumaturgo Ferreira gravando programas institucionais para o banco. Quando sentiram que essa parte estava finalmente chegando ao fim, posicionaram-se na fila do gargarejo.
Início de show. De cara, as meninas notam algumas mudanças no set list. Elas logo imaginam que eles não tocariam todas as canções quem vinham tocando. Estavam certas. Mas cada música que continuou no repertório era saboreada com um gostinho diferente. Elas não pararam um segundo sequer, seja cantando, comentando algum fato, ou simplesmente gargalhando ao ouvir a “nova versão” que Paulo Miklos criou para sua própria música Provas de Amor. Vez ou outra Lili e Ferdi se viam no telão. Elas estavam bem na frente de um câmera-man, e isso não foi uma atitude Gina, isso foi um acidente. Acidente também foi a “palhetada” que Ferdi levou na cabeça no fim do show. Ela não viu quando Tony Bellotto defenestrou o pequeno objeto na sua direção e perdeu a chance de ter a palheta, já que estava tão lesada que outra mulher a pegou.
Fim de show. As meninas decidem ir até o Hotel Mercure dar uma aperreada na banda. Antes de saírem do Marista, porém, elas pegam alguns bombons que estavam sendo oferecidos pelos garçons, no melhor estilo festa de 15 anos. Elas perceberam que exageraram na dose quando se viram dando bombom até para o taxista que as conduziu ao Mercure.
Chegando lá, ficaram conversando com Lee Marcucci e Branco Mello, que estava a espera de alguns parentes mineiros que iriam visitá-lo. Enquanto conversavam com os dois, receberam uma incumbência de Lauro, o segurança: ele pediu que elas entregassem uma sacola com algumas garrafas de água mineral para o Charles, que havia ficado no Marista, com Fred.
Algum tempo depois chegam os dois. Fernanda trata logo de entregar a encomenda de Gavin, que senta para conversar com elas. A conversa de estende. Falaram sobre o show, sobre as gravadoras, sobre novas bandas, sobre a MTV, e até sobre filhos. Charles, o pai mais coruja, mostrou fotos da fofura da Dora e se chocou quando Fernanda lhe contou que já havia escolhido os nomes dos filhos que pretende ter: “Você é doida, menina?”, repetia ele.
O saguão do hotel estava movimentado. Branco Mello circulava com seus primos, a equipe técnica subia e descia sem parar. Até o baterista do Jota Quest, Paulinho, que estava passando uma temporada no hotel, apareceu por lá. As meninas adoraram aqueles momentos, mas ninguém saiu tão realizada de lá quanto Lili, que ganhou os óculos de Paulo Miklos de presente, além de uma revista onde havia uma foto dele com seu cachorro Jerônimo, devidamente autografada.
Elas chegam na casa de Lili e, enquanto conversam sobre os fatos do dia, pegam no sono. Às oito da manhã do dia seguinte já estão a postos novamente. O próximo destino seria, mais uma vez, o Hotel Mercure. Nem precisam esperar muito no saguão.
Os primeiros a aparecerem são Fred e Tony. Enquanto Lili e Ferdi comentam o naipe das coreografias das bailarinas que se apresentaram no Marista, Tony confessa que elas se ofereceram para dançar nos shows dos Titãs, alegando serem profissionais e que já haviam, inclusive, dançado para Zezé di Camargo & Luciano. As meninas se divertem ao imaginarem a cena. Fred aproveita o momento para dizer que Lili e Ferdi conversam durante o show inteiro, e brinca dizendo que ele era como professor, que queria todo mundo prestando a atenção no que estava acontecendo lá na frente. O próximo a descer é Charles, que retoma o assunto dos nomes dos filhos de Fernanda. Rindo ele volta a dizer que aquilo era uma maluquice. Branco Mello também aparece para se despedir das duas.
Menos de uma hora depois é a vez da turma de São Paulo aparecer. Britto surge olhando as horas e pergunta se ele foi o primeiro a descer recebendo uma resposta positiva das fãs. Depois descem Lee e Emerson. Enquanto Britto engata um papo literário com o baixista, Lili comenta com Emerson sobre o show do Funk Como Le Gusta que ela havia assistido alguns dias antes. O último a aparecer é Miklos, que ao ver Lili usando o óculos que ele mesmo deu, comenta: “Que óculos chique, hein?”.Elas se despedem de todos e aproveitam para agradecer mais uma vez à Eunice pelo “help” na entrada do show. Vão embora, a espera do próximo!

“Nós não vamo pagar nada, é tudo free...” – Aluga-se (As Dez Mais – 1999)

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